Novo Coletivo estreia 'Mergulho' em versão para o cinema – Culturadoria

9 de maio de 2023 Off Por admin

Curta-metragem “Mergulho” será exibido neste domingo, no Cine Santa Tereza

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Neste domingo, às 19h, o Cine Santa Tereza exibe a estreia de “Mergulho”, o primeiro curta-metragem do grupo Novo Coletivo, plataforma de criação artística e gestão de projetos culturais idealizada por André Senna e Bruno Figueroa.

Cena do curta “Mergulho”, do Novo Coletivo (foto Beá Meirelles/Divulgação)

Trata-se da adaptação, para o cinema, da peça homônima escrita e dirigida por Rita Clemente, que também dirige o curta-metragem. No palco, o elenco trazia, além de André e Bruno, a atriz Flávia Pyramo. Vale dizer que o curta “Mergulho” também teve uma pré-estreia, no último dia 5, no auditório da Letras na UFMG, dentro do projeto Música e Poesia.

Após a estreia do Cine Santa Tereza, “Mergulho” ficará em cartaz na Plataforma Teatro para Alguém entre os dias 10/5 e 30/6.

Adaptação

O projeto de adaptação do espetáculo teatral para o cinema, na verdade, surgiu durante a pandemia, conforme explica o ator e programador visual André Senna. “A ideia de transpor o espetáculo para a tela surgiu pelas circunstâncias, embora, durante a nossa temporada no teatro, era comum a gente ouvir as pessoas dizerem que ‘Mergulho’ tinha uma certa semelhança com o cinema. Que trazia características cinematográficas no texto, nas interpretações, nas escolhas da direção”.

Originalmente, o projeto aprovado na Lei do Fundo Municipal de Belo Horizonte previa a circulação do espetáculo teatral “Mergulho” por dois outros estados, Rio e São Paulo. “Mas esse projeto foi aprovado em 2019. Logo depois, veio a pandemia – e, com a quarentena, a gente ficou sem poder viajar. Naquela situação, pensamos: por que não adaptar a peça ao formato audiovisual?”, revela André.

Primeiramente, ele e Bruno conversaram com a própria Rita Clemente. “E ela achou que tinha tudo a ver também – e assim iniciamos o processo”, diz André.

Equipe empenhada

Logo, veio a decisão de convidar pessoas do cinema para ajudarem neste processo de adaptação de linguagem. “Partindo do roteiro, a gente convidou o Lucas Lanza, que desenvolveu a adaptação do texto teatral para o cinema, junto com a própria Rita Clemente”.

André frisa que outras duas pessoas fundamentais para a construção do filme “Mergulho” (“que entraram no projeto logo no início e nos deram a visão de como decupar o trabalho anterior no formato do cinema”) foram Rafael Diniz, o “Fiel”, e Paulo César Alvim, o “PC”. E, ainda, Luisina López Ferrari, que assina a assistência de direção do curta.

“O Igor Hermont (direção de arte) também foi uma figura muito importante. Ao fim, foi muito bacana poder contar com todas essas pessoas que já tinham experiência em cinema para fazer esse processo acontecer”.

Trama

A peça original, como lembra o material enviado à imprensa, teve inspiração em temas filosóficos que vão de Nietzsche a Platão (“Genealogia da Moral” e “A Farmácia de Platão”), passando por Jacques Derrida. “A história é contada a partir de três personagens. O núcleo central mostra dois irmãos, a Márcia e o Luiz, que, no passado, vivenciaram uma situação que ficou mal resolvida”, diz André.

A situação citada se relaciona com a piscina da casa em que os irmãos passaram a infância, e na qual, hoje, Márcia segue morando, sozinha. “E é a partir dessa história do passado, mal resolvida, que a trama se centra. Mas a ação de ‘Mergulho’ se passa no presente, precisamente, no dia do aniversário da Márcia, quando ela acorda e encontra um buraco no meio da sala”, revela André.

A personagem, então, pede socorro ao vizinho, Hélio, que esconde o buraco com o sofá. “Quando Luiz, o irmão, chega, eles acabam visitando esses traumas, esses buracos mal tapados do passado. É uma história interessante, que tem muitas metáforas. E é importante que o público vá assistir para saber o resto”, diz o ator.

Além de Bruno e André, o elenco do curta, tal qual a peça, conta com a presença de Flávia Pyramo. O cast de “Mergulho” ainda inclui dois atores mirins, Maria Julia Bittencourt e Henrique Simões Amaral, que interpretam os irmãos na infância.

Pegada psicológica

André Senna entende que a narrativa de “Mergulho” provoca o público de formas distintas. “Ela tem uma pegada, podemos dizer, um pouco psicológica. Seria um drama, uma ficção, mas que traz essa característica. E algo de absurdo também. De onírico, desse lugar do sonho, da memória, do inconsciente”, lista.

“E acho que bate em cada um de um jeito interessante. Na verdade, penso que as histórias que não têm uma estrutura muito fechada dão margem para que cada um tome posse dela, que a interprete à sua maneira”, advoga.

Opção pelo curta

André Senna confessa que, no início, logo quando bateram o martelo pela transposição de “Mergulho” para o cinema, ele e Bruno chegaram a cogitar o formato longa-metragem. “Pensamos assim muito rapidamente, ficamos empolgados”.

Mas quando os dois foram entender qual era o orçamento, perceberam que um longa era inviável. “E aí, entre um média e um curta, optamos pelo curta. Porque é um formato que tem mais entrada em festivais, circula mais. E a gente achou que seria importante desenvolver um produto que pudesse acessar a maior quantidade de pessoas”.

Na semana passada, os dois já começaram a inscrever o curta-metragem “Mergulho” nos festivais de cinema nacionais e internacionais. “Esperamos que ele seja selecionado e tenha uma carreira longa pela frente”.

Serviço

“Mergulho” – curta-metragem do NOVO ColetivoEstreia no Cine Santa Tereza (Praça Duque de Caxias), neste domingo (7), às 19h.Gratuito. Retirada de senhas 30 minutos antes, no local, e também no Sympla. Ao todo, 50% dos ingressos serão disponibilizados no Sympla, e outros 50% na bilheteria.